Antecedentes da Conquista da Paraíba
Demorou um certo tempo para que
Portugal começasse a explorar economicamente o Brasil, uma vez que os
interesses lusitanos estavam voltados para o comércio de especiarias nas
Índias, e, além disso, não havia nenhuma riqueza na costa brasileira que
chamasse tanta atenção quanto o ouro encontrado nas colônias espanholas,
minério este que tornara uma nação muito poderosa na época.
Devido ao desinteresse lusitano,
piratas e corsários começaram a extrair o pau-brasil, madeira muito
encontrada no Brasil-colônia, e especial devido a extração de um
pigmento, usado para tingir tecidos na Europa. Esses invasores eram em
sua maioria franceses, e logo que chegaram no Brasil fizeram amizades
com os índios, possibilitando entre eles uma relação comercial conhecida
como "escambo", na qual o trabalho indígena era trocado por alguma
manufatura sem valor.
Os portugueses, preocupados com
o aumento do comércio dos invasores da colônia, passaram a enviar
expedições para evitar o contrabando do pau-brasil, porém, ao chegar no
Brasil essas expedições eram sempre repelidas pelos franceses apoiados
pelos índios. Com o fracasso das expedições o rei de Portugal decidiu
criar o sistema de capitanias hereditárias.
Com o objetivo de povoá-la, a
colônia portuguesa foi dividida em quinze capitanias, para doze
donatários. Entre elas destacamos a Capitania de Itamaracá, a qual se
estendia do rio Santa Cruz até a Baía da Traição. Inicialmente essa
capitania foi doada à Pedro Lopes de Souza, que não pôde assumir, vindo
em seu lugar o administrador Francisco Braga, que devido a uma
rivalidade com Duarte Coelho, deixou a capitania em falência, dando
lugar a João Gonçalves, que realizou algumas benfeitorias na capitania
como a fundação da Vila da Conceição e a construção de engenhos.
Após a morte de João Gonçalves,
a capitania entrou em declínio, ficando a mercê de malfeitores e
propiciando a continuidade do contrabando de madeira.
Com a tragédia de Tracunhaém (os
índios mataram todos os moradores de um engenho), em 1534 o rei de
Portugal desmembrou Itamaracá, dando formação à Capitania do Rio
Paraíba. Existia uma grande preocupação por parte dos lusitanos em
conquistar a capitania que atualmente é a Paraíba, pois havia a garantia
do progresso da capitania pernambucana, a quebrada aliança entre
Potiguaras e franceses, e, ainda, estender sua colonização ao norte.
Expedições para
a conquista da Paraíba
Quando o Governador Geral (D.
Luís de Brito) recebeu a ordem para separar Itamaracá, recebeu também do
rei de Portugal a ordem de punir os índios responsáveis pelo massacre,
expulsar os franceses e fundar uma cidade. Assim começaram as cinco
expedições para a conquista da Paraíba. Para isso o rei D. Sebastião
mandou primeiramente o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva.
- I Expedição (1574): O
comandante desta expedição foi o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva. Ao
chegar no Brasil, Fernão tomou posse das terras em nome do rei sem que
houvesse nenhuma resistência, mas isso foi apenas uma armadilha. Sua
tropa foi surpreendida por indígenas e teve que recuar para Pernambuco.
- II Expedição (1575): Quem
comandou a segunda expedição foi o Governador Geral, D. Luís de Brito.
Sua expedição foi prejudicada por ventos desfavoráveis e eles nem
chegaram sequer às terras paraibanas. Três anos depois outro Governador
Geral (Lourenço Veiga), tenta conquistar a o Rio Paraíba, não obtendo
êxito.
- III Expedição (1579): Frutuoso
Barbosa impôs a condição de que se ele conquistasse a Paraíba, a
governaria por dez anos. Essa idéia só lhe trouxe prejuízos, uma vez que
quando estava vindo à Paraíba, caiu sobre sua frota uma forte tormenta e
além de ter que recuar até Portugal, ele perdeu sua esposa.
- IV Expedição (1582): Com a
mesma proposta imposta por ele na expedição anterior, Frutuoso Barbosa
volta decidido a conquistar a Paraíba, mas cai na armadilha dos índios e
dos franceses. Barbosa desiste após perder um filho em combate.
- V Expedição (1584): Este teve
a presença de Flores Valdez, Felipe de Moura e o insistente Frutuoso
Barbosa, que conseguiram finalmente expulsar os franceses e conquistar a
Paraíba. Após a conquista, eles construíram os fortes de São Tiago e São
Felipe.
A conquista da Paraíba
Para as jornadas o Ouvidor Geral
Martim Leitão formou uma tropa constituída por brancos, índios, escravos
e até religiosos. Quando aqui chegaram se depararam com índios que sem
defesa, fogem e são aprisionados. Ao saber que eram índios Tabajaras,
Martim Leitão manda soltá-los, afirmando que sua luta era contra os
Potiguaras (rivais dos Tabajaras). Após o incidente, Leitão procurou
formar uma aliança com os Tabajaras, que por temerem outra traição, a
rejeitaram.
Depois de um certo tempo Leitão
e sua tropa finalmente chegaram aos fortes (São Felipe e São Tiago),
ambos em decadência e miséria devido as intrigas entre espanhóis e
portugueses. Com isso Martim Leitão nomeou outro português, conhecido
como Castrejon, para o cargo de Frutuoso Barbosa. A troca só fez piorar
a situação. Ao saber que Castrejon havia abandonado, destruído o Forte e
jogado toda a sua artilharia ao mar, Leitão o prendeu e o enviou de
volta à Espanha.
Quando ninguém esperava, os
portugueses se unem aos Tabajaras, fazendo com que os Potiguaras
recuassem. Isto se deu no início de agosto de 1585. A conquista da
Paraíba se deu no final de tudo através da união de um português e um
chefe indígena chamado Piragibe, palavra que significa Braço de Peixe.
Fundação da Paraíba
Martim Leitão trouxe pedreiros,
carpinteiros, engenheiros e outros para edificar a Cidade de Nossa
Senhora das Neves. Com o início das obras, Leitão foi a Baía da Traição
expulsar o resto dos franceses que permaneciam na Paraíba. Leitão nomeou
João Tavares para ser o capitão do Forte. Paraíba foi a terceira cidade
a ser fundada no Brasil e a última do século XVI.
Primeiras Vilas da Paraíba
na Época Colonial
Com a colonização foram surgindo
vilas na Paraíba. A seguir temos algumas informações sobre as primeiras
vilas da Paraíba.
Pilar -
O início de seu povoamento aconteceu no final do século XVI, quando
fazendas de gado foram encontradas pelos holandeses. Hoje uma cidade sem
muito destaque na Paraíba, foi elevada à vila em 5 de janeiro de 1765.
Pilar originou-se a partir da Missão do Padre Martim Nantes naquela
região. Pilar foi elevada à município em 1985, quando o cultivo da
cana-de-açúcar se tornou na principal atividade da região.
Sousa -
Hoje a sexta cidade mais populosa do Estado e dona de um dos mais
importantes sítios arqueológicos do país (Vale dos Dinossauros), Sousa
era um povoado conhecido por "Jardim do Rio do Peixe". A terra da região
era bastante fértil, o que acelerou rapidamente o processo de povoamento
e progresso do local. Em 1730, já viviam aproximadamente no vale 1468
pessoas. Sousa foi elevada à vila com o nome atual em homenagem ao seu
benfeitor, Bento Freire de Sousa, em 22 de julho de 1766. Sua
emancipação política se deu em 10 de julho de 1854.
Campina Grande -
Sua colonização teve início em 1697. O capitão-mor Teodósio de Oliveira
Ledo instalou na região um povoado. Os indígenas formaram uma aldeia. Em
volta dessa aldeia surgiu uma feira nas ruas por onde passavam
camponeses. Percebe-se então que as características comerciais de
Campina Grande nasceram desde sua origem. Campina foi elevada à
freguesia em 1769, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. Sua
elevação à vila com o nome de Vila Nova da Rainha se deu em 20 de abril
de 1790. Hoje, Campina Grande é a maior cidade do interior do Nordeste.
São João do Cariri -
Tendo sida povoada em meados do século XVII pela enorme família Cariri
que povoava o sítio São João, entre outros, esta cidade que atualmente
não se destaca muito à nível estadual foi elevada à vila em 22 de março
de 1800. Sua emancipação política é datada de 15 de novembro de 1831.
Pombal -
No final do século XVII, Teodósio de Oliveira Ledo realizou uma entrada
através do rio Piranhas. Nesta venceu o confronto com os índios Pegas e
fundou ali uma aldeia que inicialmente recebeu o nome do rio (Piranhas).
Devido ao sucesso da entrada não demorou muito até que passaram a chamar
o local de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em homenagem a uma santa. Em
1721 foi construída no local a Igreja do Rosário, em homenagem à
padroeira da cidade considerada uma relíquia histórica nos dias atuais.
Sob força de uma Carta Régia datada de 22 de junho de 1766, o município
passou a se chamar Pombal, em homenagem ao famoso Marquês de Pombal. Foi
elevada à vila em 3/4 de maio de 1772, data hoje considerada como sendo
também a da criação do município.
Areia -
Conhecida antigamente pelo nome de Bruxaxá, Areia foi elevada à
freguesia com o nome de Nossa Senhora da Conceição pelo Alvará Régio de
18 de maio de 1815. Esta data é considerada também como a de sua
elevação à vila. Sua emancipação política se deu em 18 de maio de 1846,
pela lei de criação número 2. Hoje, Areia se destaca como uma das
principais cidades do interior da Paraíba, principalmente por possuir um
passado histórico muito atraente.
A
Capitania da Parahyba
Em 1534, no inicio da colonização portuguesa no Brasil, o território em
que hoje se encontra a cidade de João Pessoa fazia parte da Capitania de
Itamaracá, doada a Pero Lopes de Sousa. No entanto, o domínio de
Portugal sobre o que hoje se chama de João Pessoa era apenas formal.
Naquela época era grande o interesse dos franceses no Brasil,
principalmente pelo comércio do pau-brasil, madeira avermelhada que era
levada para a Europa para ser utilizada, entre outras coisas, como
tintura de tecidos finos.
Instigados pelos franceses, os índios Caetés, Potiguaras e Tabajaras
dificultavam, constantemente, as tentativas de penetração dos colonos
portugueses na região onde hoje se encontra a Grande João Pessoa. Em
1560, o capitão-mor de Itamaracá, Antônio Rodrigues Bacelar, tentou
expandir o limite da Capitania rumo ao sertão, sendo destituído da idéia
pela ação dos índios da família Tapuia. Aliados dos franceses, os índios
mataram mais de 60O homens de Diogo Dias, que tentou estabelecer um
engenho de açúcar na Várzea de Goiana. Em 1573, os aborígines também
forçaram uma divisão de cavalaria e infantaria portuguesa, sob o comando
de Fernão da Silva, a retornar a Olinda.
Concessão
Em 1579, ainda sob forte domínio "de fato" dos franceses, foi concedida,
por 10 anos, ao capitão Frutuoso Barbosa a Capitania da Parahyba,
desmembrada de Olinda. Após a sua chegada a Parahyba, Frutuoso Barbosa
capturou 5 naus de traficantes franceses, solicitando mais tropas de
Pernambuco e da Bahia para assegurar os interesses portugueses na
região. Em 1584, da Bahia vieram reforços através de uma esquadra
comandada por Diogo Valdez Flores, e de Pernambuco tropas sob o comando
de D. Felipe de Moura.
Apesar de todos os reforços provenientes da Bahia e de Pernambuco, os
potiguaras atacaram, ferozmente, os portugueses, sitiando-os em um forte
construído por D. Felipe, na margem esquerda do Rio Paraíba, a
aproximadamente seis quilômetros de sua foz. Em agosto de 1584, uma
expedição de Pernambuco, comandada por Nicolau Nunes, salvou os homens
de Frutuoso Barbosa que ainda restavam no forte, afastando os indígenas
e franceses para a baia da Traição.
Pacto com os Tabajaras
Prosseguia a preocupação da coroa portuguesa de tomar posse da terra,
afastando os traficantes franceses e dominando os indígenas. Em 2 de
agosto de 1585 chegou a Capitania da Paraíba o Capitão João Tavares, que
logo tratou de firmar um pacto com o índio Piragibe, morubixaba da tribo
dos Tabajaras.
A 5 de agosto de 1585, em lugar escolhido por João Tavares, foi erguido
um forte de madeira às margens do rio Sanhauá, afluente do Rio Paraíba,
que marcaria o nascimento da capital paraibana. O fator principal para o
nascimento da cidade, além das finalidades administrativas e comerciais,
foi de caráter político-militar. Era de interesse estratégico da coroa
portuguesa proteger e resguardar Pernambuco, uma das poucas capitanias
que tiveram êxito contra os ataques consistentes dos estrangeiros,
aliados dos indígenas.
João Pessoa já nasceu cidade. Jamais viveu a condição de vila, fato
possível porque foi fundada pela cúpula da Fazenda Real numa Capitania
da Coroa Portuguesa. A cidade foi inicialmente chamada de Nossa Senhora
das Neves, nome do santo do dia, e, posteriormente, em 29 de outubro de
1585, em homenagem ao Rei da Espanha D. Felipe II, que na época dominava
Portugal, de Filipéia de Nossa Senhora das Neves.
Economia e Urbanização
Consolidada a presença da Coroa Portuguesa na Capitania da Paraíba,
floresceram as atividades econômicas e sociais da cidade, principalmente
àquelas ligadas à cana-de-açúcar, ocorrendo a construção de igrejas,
conventos e casas para os colonos. Em 1587, Martim Leitão mandou
instalar um engenho de açúcar em Tibiri, com o objetivo de produzir para
a Fazenda Real Portuguesa.
Conquista para o Interior da Paraíba
Através de entradas, Missões de Catequese e bandeiras, o interior da
Paraíba foi conquistado, principalmente após as invasões holandesas.
Os missionários pregavam o cristianismo nas suas Missões, alfabetizavam
e ensinavam ofícios aos índios e construíam colégios para os colonos.
Os missionários encontraram um planalto com uma campina verde e um clima
agradável. Um aldeamento de índios cariris que se organizaram na região
deram-lhe o nome de Campina Grande. Entre os missionários, destacou-se o
Padre Martim Nantes, cuja missão deu origem à vila de Pilar.
As Missões de Catequese foram as primeiras formas de conquista do
interior da Paraíba. Após elas foram executadas bandeiras com a
finalidade de capturar índios.
O capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo foi o homem que comandou a
primeira bandeira na Paraíba. Esta bandeira se deu através do Rio
Paraíba e teve como destaque a fundação de um povoado chamado Boqueirão.
Esta primeira bandeira, apesar de ter sido tumultuada, foi bem sucedida,
uma vez que Teodósio aprisionou vários índios. Teodósio é tido como o
grande responsável pela colonização do interior da Paraíba. Ele
estabeleceu-se no interior e trouxe famílias e índios para povoá-lo.
Os passos de Teodósio foram seguidos pelo capitão-mor Luís Soares, que
também se destacou por suas penetrações para o interior. Um homem
chamado Elias Herckman procurou minas e chegou à Serra da Borborama. Sua
atitude (a de procurar minas) foi seguida por Manuel Rodrigues.
O fundador da Casa da Torre, Francisco Dias D’ávila, foi outro
bandeirante que se destacou na colonização da Paraíba. Entre as várias
tribos (caicós, icós, janduis, etc.) que se destacaram no conflito
contra conquista do interior paraibano, os mais conhecidos são os
sucurus, que habitavam Alagoas de Monteiro.
Na tentativa de colonizar a terra e explorá-la através de atividades
agrícolas, a Coroa Portuguesa realizou a concessão de diversas sesmarias
a indivíduos e ordens religiosas. Assim, a lavoura da cana-de-açúcar
inicialmente localizada no vale do Rio Paraíba, estendeu-se aos vales de
outros rios, em linha paralela ao mar.
Em 4 de setembro de 1930, a Capital foi batizada de João Pessoa, nome do
Governador do Estado assassinado em Recife no dia 26 de julho do mesmo
ano, durante campanha política. A Paraíba comandava então uma revolução
no Norte do País, contra o poder do Governo Federal. Aliás, a bandeira
do Estado da Paraíba documenta esse momento histórico difícil. Quando
solicitado o apoio do Estado ao movimento revolucionário, o então
Presidente declarou: "NEGO". A transcrição desta frase para a bandeira
da Paraíba foi a ultima homenagem do povo paraibano ao ilustre
Presidente. |