A Colonização da região de
Alagoa Nova, atual Manaíra.
Como a maioria das cidades nordestinas, Manaíra nasceu nas proximidades de
um pequeno rio, em torno de uma capela e de uma lagoa.
De suas origens, contadas como documentos referentes à Fazenda
Alagoa Nova, datam de 1770. Quanto à povoação, registra-se o ano
de 1840, quando chegou à localidade o Sr. Manoel Pereira
da Silva, que trouxe consigo nove animais e um escravo, morando,
inicialmente, em uma cabana improvisada.
Cultivavam, além de cereais de subsistência como milho e feijão, a
cana-de-açúcar para produção de rapadura e algodão para a produção de pluma,
esta utilizada na confecção de fios e de tecidos rústicos.
Outros, como os senhores Manoel Pequeno, que instalou-se no Sítio Tapuia,
marginado pelo Riacho do Tapuia, Severino Benedito e Belarmino Nogueira,
adquiriram pequenos pedaços de terras e ali construíram suas casas.
Com o aumento da produção e a chegada de novos moradores, foi instalada uma
“bolandeira”, usina rústica que servia para separar a semente da pluma do
algodão e assim facilitar o uso e a comercialização do produto.
As bolandeiras ou “bulandeiras”, são engenhos primitivos que eram utilizados
para vários fins, inclusive para moer a cana-de-açúcar, cujo caldo, após
desidratação por cozimento, era utilizado para fabricação de rapadura. Outro
uso que se dava ao caldo da cana era fermentá-lo para a produção de
aguardente.
Paralelamente à atividade do algodão, construiu-se um engenho de moagem de
cana-de-açúcar destinada à fabricação de rapadura, produto largamente
utilizado como alimento in natura ou como substituto do açúcar.
Em 1870, mantendo a tradição religiosa da época, Manoel Pereira mandou
construir uma capela, cujo altar era feito com pedras. Ela tinha um
compartimento lateral que servia como cadeia pública e que, por ter tão
pouco uso, era conhecido como quarto dos morcegos. A construção foi feita no
terreno do Patrimônio, oferecido por duas cunhadas de Manoel Pereira - irmãs
de sua esposa, Dona Antônia -, conhecidas por Catarina e Balbina, que
residiam no sítio Algodões. A capela foi oferecida ao Divino Espírito Santo,
escolhido como Padroeiro do lugar.
A pequena imagem do Divino Espírito Santo veio de Portugal, junto com a
campa, e Dona Maria Lopes doou a réplica da imagem de Nossa Senhora das
Dores, atualmente referenciados como os dois padroeiros locais.
Em 1877, o comércio já apresentava um bom desenvolvimento e Manoel Pereira,
além de proprietário da Fazenda Alagoa Nova, também era o seu primeiro
comerciante. Tinha um mercado onde negociava com cereais, algodão, vários
produtos essenciais aos habitantes locais e tinha um desenvolvido comércio
de madeira. O nome da Fazenda serviu de topônimo para a povoação que foi se
formando ao redor.
Em 1889, no encerramento do período do Brasil Império, o povoado já
apresentava considerável prosperidade. O nome da sesmaria ”Alagoa Nova” foi
atribuída à Fazenda e serviu de topônimo para a povoação que foi se
formando ao redor das duas lagoas.
As primeiras feiras, que aconteciam aos domingos, tinham em sua maioria
comerciantes procedentes de Patos Irerê, São José e de Princesa Isabel, com
destaque para o espaço destinado a venda de gado. Nesse dia a população
contava com opções de lazer, principalmente as crianças onde eram montados
os tradicionais carrosséis, canoas, barquinhos, tudo muito artesanal.
No recenseamento geral de 1º de setembro de 1920, Alagoa Nova já figurava
nos quadros de apuração como distrito de Princesa.
Em 15 de novembro de 1938 mudou sua denominação para Manaíra, através da lei
1.164 e, na divisão administrativa do qüinqüênio 1939/43, aparece pela
primeira vez, com essa denominação.
A condição de município foi conquistada através da Lei 2.657, de 21 de
dezembro de 1961, instalado no dia 31 do mesmo mês e ano.
Revolução
de 1930
não poupa Alagoa Nova(MANAÍRA)
Em 22 de março de 1930, dia do ataque ao "Casarão dos Patos",seguindo
ordem do comando militar paraibano,o
Sargento Clementino Quelé e seus policiais, em número estimado entre
sessenta para alguns, e entre setenta a cem homens para outros,
seguiram atravessando a zona urbana da pequena vila deAlagoa
Nova(atualManaíra-PB)
e daí subiram a grande Serra do Pau Ferrado. Ao passarem pela
propriedade deAntonio
Né, pessoa ligada à família Diniz, noSítio
Pau Ferro, travaram um combate do qual saiu baleadoSilvino
Cosme, que faleceu dias depois. Esse foi o primeiro manairense a
tombar na guerrilha que tomava conta do sertão paraibano.
Em Patos não
havia muitos defensores e a força policial de Quelé ocupa o Casarão
pertencente ao CoronelMarçal
Florentino Diniz,sem
maior oposição. Esse Coronel era um poderoso e influente
agro-pecuarista da região, que juntamente com seu filho,Marcolino
Pereira Diniz, eram parentes e pessoas da inteira confiança docoronel
José Pereira, líder da Revolta de Princesa.
No Casarão
estavam entre outras pessoas, as mulheres de Marcolino Diniz,
Alexandrina Diniz (também conhecida como Dona Xandu, ou Xanduzinha)
e a de Luís do Triângulo, Dona Mitonha. Luís do Triângulo era um dos
mais valentes e destacados chefes dos combatentes de José Pereira.
Os homens se encontravam em uma frente de batalha na região de
Tavares.
Outros
combatentes e líderes de Princesa conclamam moradores da região para
ajudar a retomar o Casarão, enaltecendo a covardia de Quelé, que
usava mulheres como escudos. Este chamamento encontra eco entre
membros das comunidades de Princesa eAlagoa
Novae estes decidem
seguir com o grupo que vai retomar o “Casarão dos Patos”.
Em defesa da
família do CoronelFlorentino,
entre outros, partiu deAlagoa
Novaum grupo de
combatentes civis, dentre os quais estavam Marçal Cosme, Joaquim
Rodrigues e outros.
- Mais abaixo
há uma descrição detalhada sobre a luta da retomada do Casarão -
Construções em ruínas demonstram as consequências
da luta armada. A coluna policial comandada pelo
Tenente José Maurício da Costa transforma Alagoa
Nova (Manaíra) em um posto avançado da guerrilha.
Local onde era instalado o descaroçador de
algodão pertencente a José Rosas. Destruído pelos combates
ali ocorridos entre libertadores e as forças
policiais comandadas pelo Capitão Irineu Rangel. Identifica-se,
pelo seu quepe, um policial à esquerda. Ao
centro, alguns destroços do "Vapor Velho".
Outro posto avançado da polícia ficava nessa casa
no Cajueiro, há 2 kilômetros de Manaíra
(Alagoa Nova). Era ponto de apoio da coluna do
Tenente José Maurício da Costa.
Raízes
Indígenas
CORONELISMO
CANGACEIRISMO
CANGACEIROS DE MANAÍRA
Lampião, o Rei do Cangaço
Como pontos curiosos da história, registra-se a passagem por Alagoa
Nova, do Cangaceiro Lampião e seu bando, fato narrado por Maria
Aparecida Rabelo.
Em uma noite de 1926, a tropa de Virgulino Ferreira fez parada nessa
terra. Foi acolhida na residência de Agda Vicente de Arruda, onde lhe
foi servida água, rapadura e cuscuz, iguarias disponíveis da culinária
da época.
O Sr. Manoel Ferreira Rabelo, por medo de ser morto, chegou a acompanhar
os cangaceiros pelo período de 12 meses.
Outro fato ocorreu na vizinhança, no casamento de Doca (pai de Zé de
Doca) - Manoel Bezerra de Macena - com a manairense Isabel Ferreira da
Luz (tia de Didi Silva). Doca queria casar-se no São José, onde morava.
O chefe da localidade mandou um recado a Doca informando que não
permitiria que houvesse festa no casamento. Naquela época, casamento
tinha que ter sua festa, mas ninguém podia ir contra uma ordem de um
chefe local.
Lampião soube dessa notícia e mandou um recado para Doca: “Amigo,
contrate o sanfoneiro e organize o baile, eu também vou”.
No dia 23 de novembro de 1923, depois do casamento, a música rolou, o
sanfoneiro tocou e nada interrompeu a alegria. Atrás da casa tinham
várias árvores e, à suas sombras, 40 cabras de Lampião estavam
assentados, garantindo a tranqüilidade.
Lampião levou como presente de casamento uma garrafa de vinho fino,
feita em cristal decorado (foto 1).
Na casa de Doca sua comida era servida em uma bandeja de alumínio grosso
(foto 2)
e ainda jogava baralho com a família em uma grande mesa de cedro,
localizada na sala em frente à cozinha (foto 3).
História para publicação em redes sociais e
em outras instituições
Existem documentos datados de 1787 e 1818, no Museu de Manaíra, que
dão conta da existência de uma sesmaria com o nome Alagoa Nova,
vários anos antes dessas datas. As primeiras habitações dessa região
foram construídas nos sítios Belém, Algodões, Quixaba, Poço do
Cachorro e Olho d´Água. A povoação, ao lado da lagoa ali
existente, é citada como tendo início em 1840, como desenvolvimento
da fazenda Alagoa Nova (primeiro topônimo que recebeu
a povoado) pertencente aos descendentes de Joaquim Ferreira: Antônia (que
se casou com Manoel Pereira da Silva; Balbina e Catarina (que
doaram a parte das terras para constituir o Patrimônio da Capela.
Também tinham mais dois irmãos: Severina e João Ferreira, que já
eram falecidos nessa data citada.
O Sr. Manoel Pereira da Silva, após o casamento com Dª Antônia,
assumiu o controle da fazenda e iniciou as primeiras construções do
povoado. Na época, adquiriram pequenas faixas de terra e construíram
suas casas, os senhores Manoel Pequeno, Severino Benedito e
Belarmino Nogueira. Há informações de que o senhor Cândido
Soares já residia, à margem da Lagoa, antes de 1840.
Em 1870, foi construída a primeira capela do local, oferecida a São
Sebastião, em terreno doado pelas irmãs Catarina e Balbina,
da família Ferreira Rabelo Aranha. Posteriormente, no século
seguinte, foi construída a igreja atual que hoje serve como Matriz,
tendo por padroeiro, inicialmente, o Divino Espírito Santo e,
atualmente, a padroeira é Nossa Senhora das Dores.
Em 1877, o comércio já apresentava bom desenvolvimento e o
proprietário da fazenda Alago Nova, Manoel Pereira da Silva,
foi seu primeiro comerciante. Ele instalou uma “bulandeira”, engenho
primitivo para descaroçar algodão, também utilizado na moagem de
cana-de-açúcar para a fabricação de rapadura e aguardente.
Na divisão administrativa do quinquênio 1939/43, aparece pela
primeira vez, com a denominação de Vila de Manaíra.
O topônimo foi escolhido em homenagem a uma índia de nome
Manaíra, vocábulo indígena que significa Mel Cheiroso,
segundo o historiador Coriolano de Medeiros, ou, Abelha
Cheirosa, variação da toponímia Tupi. Conta a história que
ela havia sido prometida em casamento, por seu pai, ao cacique
Piancó (nome de outro município paraibano, região que habitava),
chefe da grande tribo dos Corema, mas que fugira com um índio da
tribo dos Oitis (de Manaíra), a quem amava. Por conta disso foi
perseguida e assassinada por seu pai e índios de sua própria nação
indígena, juntamente com o companheiro, no sítio “Salgada”, vizinho
ao sítio "Oiti", ambos situados em terras do atual Município de
Manaíra. Dessa tragédia romântica, narrada por Coriolano de
Medeiros, originou-se o nome da cidade.
A emancipação política foi conseguida através da Lei Estadual nº
2.659, de 21 de dezembro de 1961, pela iniciativa do manairense Antônio Antas Diniz, enquanto Presidente da Câmara de
Vereadores de Princesa Isabel (PB) e defendida na Assembleia
Legislativa pelo Deputado Antônio Nominando Diniz. A instalação
oficial do município ocorreu a 31 do mesmo mês e ano, desmembrado de
Princesa Isabel e formado por dois distritos: o da Sede e o de Pelo
Sinal.
Cronologia e Sesmarias
· 1770
- 1780 ? - Sesmaria de Alagoa Nova (pertencente a José das Neves
e Joaquim Ferreira)
· 1787
- Belém (pertencente a Manoel de Souza Barbosa) · 1792 - Riacho da Onça/Laje da Onça (pertencente a
Sebastião Araújo e Silva) · 1815 - Serrinha/Oiti/Balança (pertencente a José dos
Santos Silva) · 1818 - Riacho do Meio/Oiti (pertencente a José Bizerra
Leite) · 1840 - Alagoa Nova (pertencente aos filhos de Joaquim
Ferreira. Eram 5 irmãos: Antônia (que se casou com Manoel
Pereira da Silva), Balbina e Catarina (que doaram a parte das
terras para constituir o Patrimônio da Capela. João e Severina
Ferreira já eram falecidos nessa época. No terreno doado, foram
construídas as primeiras casas da povoação. · 1870 – Estruturação do Povoado de Alagoa Nova. · 1910 - Alagoa Nova - Povoado do município de Princeza
(Princesa Isabel). · 1920 - Alagoa Nova - Distrito de Princeza. · 1930 - Inserção na Revolução - A Guerra de Princeza. · 1938 - Adotada a denominação de Vila de Manaíra. · 1961 – Manaíra desmembrada do município de Princesa
Isabel.
Projeto de Emancipação Política de Manaíra
Iniciativa e conquista: Antônio Antas Diniz (de Manaíra). Parlamentar: Antônio Nominando Diniz (de Princesa
Isabel). Aprovação: Lei 2.657. Data: 21 de dezembro de 1961. Instalação: 31 de dezembro de 1961.