FUNAAD - Manaíra - PB

Fundação Antônio Antas Diniz

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Raízes indígenas
MANAÍRA
O Nome
A Lenda
O Romance
A Poesia

Coriolano

de Medeiros

 

MANAÍRA - A Lenda

Em 1936, Coriolano de Medeiros, escritor e historiador paraibano de renome nacional, lança um romance histórico intitulado Manaíra ou Nas Trilhas da Conquista do Sertão. Segundo Affonso de Taunay essa

“...novella histórica seiscentista, em que procura dar aos seus leitores uma idéia dos quadros e ambientes da phase curiosíssima da história nordestina, a da penetração para o longínquo Oeste da civilização, à custa do autochtone batido e rechassado pela raça mais armada.

         É uma série de episodios interessantissimos que o autor parahybano nos revela, episódios estudados com verdadeiro conhecimento de causa dos fundamentos históricos e tradicionais.” (MEDEIROS, 1936)

O livro tornou-se um sucesso em todo país. Nominando Diniz, de Princesa, era admirador de Coriolano de Medeiros. Desse intercâmbio cultural - não se sabe dizer se Nominando já era conhecedor da lenda de Manaíra – mas certo é que, empolgado com o sucesso do romance, ele teria sugerido o nome da índia à comissão que estava elaborando o projeto de Lei, em 1938. O Decreto que surgiu daí, alterou o nome do povoado de Alagoa Nova para Manaíra, passando-a para a categoria de Vila.

Eduardo Martins, membro da Academia Paraibana de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, publicou, em 1975, o livro CORIOLANO DE MEDEIROS – Notícia Biobibliográfica. Esse documento contém uma preciosa informação: a jovem e selvagem Manaíra não é simplesmente coetânea do romance de 1936, de Coriolano. Em 1929, 7 anos antes, Medeiros já havia publicado O THÁLAMO DE MANAÍRA, na revista Serões de Junho, Parahyba, 1929. Era, à época, utilizada a grafia Saraus de Junho.

Fora do Romance, é conhecida como história, como fato real ou como lenda, com notícias de cerca de um século atrás, a narrativa abaixo.

Uma jovem índia, de singular beleza, era filha do cacique de uma tribo que tinha sua caiçara em região do vale do rio Piancó. Piancó era o nome daquelas terras, daí o nome do rio que passava por elas. Havia outra tribo, cujo chefe era um guerreiro valoroso e poderoso de nome também Piancó que desejava casar-se com Manaíra, que lhe fora prometida pelo pai dela. Entretanto, Manaíra amava outro guerreiro e, em nome de seu amor, quebrou a tradição de obediência ao pai e à tribo, fugindo com esse guerreiro.

Furioso e com a honra ofendida por quebrar uma promessa feita, o cacique, pai de Manaíra, junto com outros guerreiros, iniciou uma longa perseguição ao casal.

Enquanto repousavam, em um intervalo da fuga, os noivos foram surpreendidos e, amarrados, foram queimados pelos seus próprios familiares.”

Manaíra, recém-saída da adolescência, foi tomada como exemplo de uma mulher que teve a coragem de lutar pelos ideais em que acreditava e de assumir, sem esmorecer, as consequências de suas ações.

Na memória oral manairense, encontram-se duas referências, resumidas, dessa narrativa. Em 1906, uma ala mais pobre da família Paiva, muda-se da região de Quixaba de Flores para os Oitis, em Alagoa Nova. O senhor José Florentino de Paiva encontrou ali um “Caboclo”, com o qual teve alguma convivência e que lhe contou vários episódios daquela região, inclusive de um aldeiamento que existira ali. Uma dessas narrativas referia-se a uma índia que foi queimada pelo pai, por não ter se casado com o chefe de outra tribo, ao qual estava prometida. Essa índia tinha fugido de sua tribo com o companheiro e vindo na direção dos Oitis, quando foram alcançados. Fato semelhante a esse era contado por José Pereira da Silva, o Zé Silva, ainda no início do século passado. Luís Tavares, quando menino, ouviu muito essa história.

Disseram os antigos aos seus filhos e netos, que esse fato ocorreu à margem do Riacho do Meio, no sítio Salgada, ao nordeste da sede de Manaíra.

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