Filho de Quirino Antas Diniz e Micolina Maria
Antas, nasceu no sítio Serrinha, Manaíra, em 28/01/1905
Ainda criança perdeu o pai e, juntamente com três
irmãos pequenos, ficou aos cuidados da mãe. Esta, precisou casar
novamente para poder sustentá-los.
Com muito esforço e, às escondidas, a mãe
conseguiu fazê-lo estudar durante três meses. Foi todo o estudo
que teve na vida. Daí aprendeu a escrever, a ler e a fazer as
quatro operações matemáticas, que lhe serviram para toda a vida.
O padrasto obrigava-os a trabalhar como
escravos e, sem suportar os maltratos sofridos, Antônio foi morar
sozinho no meio do mato, como índio, vivendo da caça, de frutos do mato
e de alguma farinha que, raramente, a mãe conseguia fazer chegar até
ele.
Tempos depois consegui plantar uma roça e,
do fruto dela, colocou um pequeno comércio. O comércio prosperou e,
ainda na adolescência, já conseguiu ajudar a mãe e os irmãos que viviam
na penúria.
Começou como vendedor ambulante e foi
desenvolvendo o comércio até constituir uma pequena rede de lojas nas
localidades de Nova Olinda, Misericórdia e Alagoa Nova. Negociava com
tecidos, itens de difícil aquisição no mercado regional como chapéus,
máquinas de costura, rádios e também gêneros alimentícios.
Posteriormente, além da agricultura,
criação de gado, destacou-se na comercialização de algodão, mamona e
cereais.
Trouxe para Manaíra o primeiro rádio, que
servia para informar à população sobre as notícias do Estado, do País e
do mundo.
Símbolo de seriedade, humildade e
honestidade, ainda hoje é lembrado por quem o conheceu, como modelo de
homem, de pai de família, de comerciante e de político.
Na área política tornou-se o representante
de Manaíra, que era uma Vila, distrito vinculado à Princesa Isabel. Foi
vereador em dois mandatos e presidente da Câmara, em Princesa. Fez as
primeiras obras públicas da localidade, como a “passagem molhada” e
arrimo de pedras conhecidos como “Barrocão”; construiu o cemitério que
ainda hoje serve Manaíra; estradas e manutenção da Lagoa. Doou o prédio
para colocação do primeiro motor a diesel, que gerava energia e
iluminava a rua principal no início da noite.
Como presidente da Câmara Municipal de
Princesa Isabel, sua principal conquista foi conseguir a aprovação da
emancipação política de Manaíra, causa abraçada por muitos manairenses.
Princesa Isabel, várias décadas atrás,
muito dependia da economia de Manaíra, principalmente pela produção de
algodão, cereais e de gado. Os políticos de Princesa não queriam a
emancipação de Manaíra, pois seria prejudicial a eles e à sua Cidade.
Após muitas críticas e perseguições, Antônio Antas, em um grande ato de
coragem, declarou aos líderes do seu partido: “Nada quero para mim,
quero o melhor para o meu povo. Vocês escolham: fazemos a emancipação de
Manaíra ou romperemos com o Partido”.
As famílias Diniz e Maia mantinham o
controle político de Princesa e não queriam perder os votos de Manaíra,
representados por Antônio Antas (UDN) e até os da oposição,
representados por Félix da Silva Cabral. Aceitaram, constrangidos,
apoiar a emancipação. Foi uma grande vitória para os manairenses.
Em 1959, o vereador Antônio Antas Diniz, o
deputado Nominando Diniz e seus assessores elaboraram o Projeto de Lei
que foi protocolado com o nº 312/59, na Assembleia Legislativa do Estado
da Paraíba. Formalmente apresentado e defendido por aquele deputado, a
Assembleia aprovou integralmente o Projeto, transformando-o no Decreto
Legislativo nº 499, de 15 dezembro de 1961.
Segundo o Jornal A UNIÃO (publicação de
23/12/1961), estavam presentes, em João Pessoa, na solenidade da
emancipação de Manaíra, além do governador, deputados, líderes políticos
paraibanos, os manairenses Antônio Antas Diniz - Presidente da
Câmara de Vereadores de Princesa Isabel -, Francisco Antas Cordeiro
e Luis de Sousa Primo. De Princesa Isabel, estavam presentes o
prefeito Antônio Maia, Nominando Muniz Diniz e o deputado Antônio
Nominando Diniz, entre outros.
Algumas das palavras proferidas naquela
solenidade, referentes à Manaíra e a Juru, que também estava se
emancipando:
Nominando Diniz: “A massa camponesa retoma novos horizontes
nesta alvorada, em sua luta contra o esquecimento e a fome”.
O governador Pedro Gondim
advertiu aos novos municípios sobre a imensa responsabilidade que lhes
pesa, afirmando que as comunas agora criadas já estavam amadurecidas em
sua condição social e política.
Para administrar Manaíra, como primeiro
prefeito, foi oferecido o cargo a Antônio Antas, que não aceitou a
nomeação por parte do governador. Entretanto, ele escolheu o sobrinho
Adalberto Pereira Barbosa (Betinho), que teve a concordância do governo
e foi nomeado. Formalmente a Câmara de Princesa ofereceu cinco nomes,
mas prevaleceu a indicação de Antônio Antas.
O líder manairense gostava de política,
pois era uma forma de beneficiar o povo, mas não gostava de cargos ou
títulos políticos. Quiseram que ele se candidatasse para o próximo
mandato ao Executivo Municipal e ele recusou-se. Após muita insistência,
Nominando Muniz Diniz e alguns políticos de Princesa e Manaíra
conseguiram arrancar dele uma promessa. Fariam um sorteio entre 10
pessoas e, aquele que fosse sorteado, seria o candidato. Nominando usou
o artifício de preencher as 10 fichas, todas com o nome de Antônio
Antas. Feito o sorteio, o resultado não poderia ser diferente, saiu o
nome dele. Entristecido, pois não queria candidatar-se, declarou que,
mesmo assim, honraria a palavra dada. Somente tempos depois é que ficou
sabendo a verdade e já não podia mais voltar atrás.
A campanha eleitoral transcorreu com as
irregularidades habituais de muitos políticos, práticas que Antônio
Antas não quis utilizar-se. Foram dificultadores de sua campanha:
·
Uso da compra de votos, pela oposição.
·
“Cabos eleitorais” que recebiam dinheiro
dos dois lados.
·
Promessa de ajuda financeira feita por
Nominando, que nunca cumpriu.
·
Substituição das cédulas de votação no
próprio dia da eleição, através do método que era conhecido na época
como “voto de rosário”.
O “voto de rosário” ocorre da seguinte
maneira: um eleitor da oposição recebe sua célula para votar, deixa-a em
branco e não a coloca na urna. Saindo com ela, entrega ao candidato, que
está à porta, e recebe um pagamento por isso. O candidato marca o seu
próprio nome na cédula e entrega ao próximo eleitor, orientando-o a
colocá-la na urna e trazer a nova cédula em branco, momento em que
recebe um pagamento pelo “trabalho”. Esse processo ocorreu durante todo
o dia. Ainda vivem em Manaíra e outras localidades, várias testemunhas
dessa ocorrência.
No final do dia as urnas foram recolhidas
em um depósito, para viajar no dia seguinte, quando haveria a apuração.
Um afilhado de Antônio Antas chegou para ele e disse: “Meu padrinho,
trocaram muitos votos do senhor e compraram as cédulas de votação que
foram adulteradas para beneficiar o outro candidato. Estou com a chave
do depósito das urnas, tenho as cédulas de votação e, como presidente da
mesa, posso assiná-las. Vamos lá, fazer a troca dos votos do outro
candidato pelos seus, como ele fez hoje durante o dia”.
Antônio Antas disse: “Prefiro perder a
eleição a me servir de uma atitude desonesta”. Essa postura o fez perder
o pleito por 63 votos. Endividado, vendeu duas fazendas que tinha, pagou
todos os seus débitos e, a partir daí, dedicou-se às suas atividades
comerciais e à educação de seus filhos. Perdeu uma eleição que não
queria ter entrado, mas ganhou a admiração da família que, com orgulho,
hoje pode dizer que teve em seu seio, um dos poucos políticos honrados e
honestos do País.
Essas palavras também podem ser ditas e
confirmadas, sem receio de erro, pelos manairenses.
Faleceu em 21 de junho de 1986, em João
Dourado, na Bahia, onde foi homenageado com o nome de uma das principais
ruas da Cidade.
Em Manaíra, dedicaram seu nome à praça que
fica ao lado da Lagoa, à uma rua localizada à margem direita de quem vai
ao Constantino. A praça que está entre as escolas Antônia Diniz Maia e
Professor Cícero Rabelo, ostenta uma grande placa alusiva aos 50 anos da
emancipação política da cidade, contendo seu nome como articulador do
movimento que permitiu aquela conquista. A Fundação Antônio Antas Diniz
quer ser também uma entidade que visa resgatar sua memória e preservá-la
na história dos manairenses.