À época do desbravamento da Paraíba, a
região designada de Sertão veio a ser chamada de Piancó pelos homens de
cor branca. Mas antes desses, Piancó eram as terras, Piancó era o Rio,
Piancó era o chefe dos chefes dos Coremas. Antes e quando da chegada dos
colonizadores, era habitada pelos índios, principalmente os da tribo dos
Coremas, genericamente chamados de Tapuia. Não há dúvidas de que os
primeiros colonizadores que aqui chegaram não foram os primeiros
habitantes.
Segundo o
historiador Horácio de Almeida, os povos indígenas que habitavam o
interior da Paraíba, seriam divisões (subgrupos) dos Cariris, um
ramo da nação Tapuia. Aqueles que dominavam o planalto da
Borborema, na bacia superior do Paraíba, acima de Taperoá, tinham o nome
de Sucurus. No médio Paraíba ficavam os Bultrins, que
foram aldeados em Campina Grande. Os
Ariús, os Pegas, os Panatis e os Coremas
ocupavam o sertão de além Borborema (a macrorregião do Piancó), com
penetração pelo Rio Grande do Norte e parte do Ceará.
O nome MANAÍRA
O TOPÔNIMO
No período de 1911 a 1914, o Historiador Coriolano de Medeiros
realizou estudos sobre as localidades paraibanas. Consequência
desse período encontra-se a citação e dados de Alagoa Nova,
publicada, em 1914, na primeira edição do seu Diccionario
Chorográfico da Parahyba, através da IMPRENSA OFFICIAL DA
PARAHYA. Ali, dá uma conceituação não muito "brilhante" para a
localidade de nossos estudos. De forma resumida assim relata:
“ALAGOA NOVA – Povoado sem importância do município de Princeza.
Tem uma capella. Produz algodão e cereaes”.
Também nesse espaço de tempo, foi publicado um mapa onde consta
a localidade “Alagoa Nova”.
Coriolano executou novos estudos e organizou a segunda edição do
Dicionário Corográfico do Estado da Paraíba, em fevereiro de
1944. Foi publicada em 1950, através do DEPARTAMENTO DE IMPRENSA
NACIONAL. Ali se encontra o registro seguinte:
“Manaíra (Voc. ind., maná-eira: mel cheiroso) – Antiga
Alagoa Nova. Pertence ao município de Princesa Isabel. O
Decreto-lei n.º 1 164, de 15 de novembro de 1938, mudou-lhe o
antigo nome e deu-lhe categoria de vila.
A Lenda de MANAÍRA
O Romance
Histórico MANAÍRA
MANAÍRA e a Poesia
Coriolano de
Medeiros e MANAÍRA
HISTÓRIA DOS
CARIRIS
Os povos ameríndios teriam sido os
primeiros colonizadores (no sentido de que se propagaram pelo
território). Sua origem ainda não foi plenamente esclarecida, mas a
opinião mais aceita é de que descenderiam de antigas raças asiáticas e
da Oceania que teriam chegado à América pelo estreito de Behring ou pela
navegação no Oceano Pacífico.
A princípio os portugueses acreditavam
que os índios pertenciam ao mesmo grupo racial. Após algum tempo,
percebeu-se que havia diferenças significativas: os grupos tupis
possuíam uma organização social mais complexa e falavam uma mesma
língua. Os tapuias habitavam o interior.
Hoje se diz que os índios do Brasil
podiam ser divididos em quatro grandes grupos étnicos: os tupi-guaranis,
os tapuias (ou jês), os nu-aruaques e os caraíbas.Todas estas nações
indígenas, embora tivessem suas estruturas políticas distintas em
relação às civilizações do México, da Bolívia e do Peru (que se
constituíram em impérios) e, não opondo ao colonizador português a
resistência que essas haviam oposto ao espanhol, deixaram como legado
milhares de novas palavras ao vocabulário da língua portuguesa hoje
falada no Brasil.
Os indígenas brasileiros são
originários dessa migração e chegaram à Paraíba pelos rios Amazonas e
Tocantins. Alguns prosseguiram a sua caminhada e só foram freados pelas
águas caudais do Rio São Francisco, difíceis de serem transpostas, e
então assenhorearam-se da vasta região que compreende este rio.
Os Tapuias ou Cariris chegaram ao sul
do Ceará nos séculos IX e X, de onde se espalharam à região do Coremas
em busca de terras férteis, úmidas, quentes e de fácil plantio, de onde
pudesse retirar seu sustento.
Encontraram, no Sertão Paraibano, o
ambiente propício às suas aspirações. Com suas fontes e riquezas
naturais a região propiciou-lhes uma vida primitiva e equilibrada, de
onde retiravam uma diversidade de alimentos como macaúba, babaçu, piqui
e araçá, dentre outros da cultura indígena.
Cultivavam a mandioca, o milho e o
algodão. A caça e a pesca, fartas nas matas e rios, faziam do ambiente
um verdadeiro paraíso tropical onde suas famílias puderam viver em paz
durante muito tempo. A vida na tribo era tranqüila. Suas residências
eram construídas com palhas de palmeiras. Usavam utensílios artesanais,
feitos com cabaças, cuias, coités, cipós, madeiras, e também fabricavam
diversos utensílios domésticos com argila e pedras.
Dentre eles, destacam-se a rede, o
pilão de socar, a arupemba, o abano, esteiras de palha de palmeira e
artigos feitos em cerâmica como vasos, pratos e panelas onde podiam
fazer seus cozidos provenientes da farinha de mandioca e do milho,
produzidos em estilo rudimentar. O beiju, a tapioca, a puba, a canjica,
o cuscuz e muitas outras receitas nutritivas vieram dos nossos
antepassados indígenas.
As exigências feitas aos povos que
buscavam paz com os luso-brasileiros eram que tais povos mostrassem o
desejo de se tornarem vassalos do rei, de se reduzirem “à santa fé
católica”, bem como dispor de seus arcos na luta contra o gentio bravo
que assolava os sertões. O documento mais representativo que temos
desses termos é o chamado Assentamento das Pazes com os Janduís, datado
de 10 de abril de 1692 (apud Puntoni, 2002: 300). Outros documentos que
fazem menção a disposição dos índios de combaterem nas ditas guerras
podem ser encontrados. A carta do capitão-mor do sertão de Piranhas,
Cariris e Piancó, Teodósio de Oliveira Ledo, faz referência às pazes que
fez o dito entradista com uma aldeia de índios da nação Corema, assim
como seu engajamento em batalha logo depois:
(...) com o favor de Deus cheguei com
tudo a salvo e em paz a este Arraial do Pau Ferrado (entre Piancó e
Princesa Isabel) nos primeiros de abril e dali a nove dias de minha
chegada me veio um aviso do meu gentio, que distante do arraial três
léguas estavam em como com eles se haviam encontrado trinta ou quarenta
tapuias brabos, que vinham em busca de paz e que em todo caso os
socorresse pelo receio que tinham de que lhe sucedesse algum dano, o que
fiz logo (...) eram de uma aldeia chamada Corema a pedir-me paz dizendo
que queriam ser leais a El Rei meu Senhor; eu lhes concedi com ditame de
procederem contra os nossos inimigos e com obrigação de conduzirem o seu
mulherio para o arraial debaixo das armas;
aceitaram o partido (...) marchei com
todo cuidado e o outro dia pelas cinco horas da tarde estando alojado no
rio chamado Apodi, me vieram novas dos descobridores, tinham chegado a
um rancho donde se havia levantado o inimigo àquela manhã (..) e ao
romper do dia dei sobre ele, com toda a disposição possível tendo-me ele
o encontro com valor, porém quis Deus que desse Vossa Senhoria o quanto
de alcançar a vitória durando a peleja até às 9 horas do dia, e ela
acabada se acharam da parte do inimigo trinta e dois mortos e setenta e
duas presas e muita quantidade de feridos e da nossa parte não perigou
nenhum e só me feriram seis homens; e das presas mandei matar muitas por
serem incapazes (...) em uma quinta-feira venceu Vossa Senhoria duas
batalhas, esta de presente referida e as pazes que aqui se confirmaram
pelo inimizar com as mais nações ; e hoje não lhe ficam lugar a buscarem
por amigos mais que aos brancos (...)
(Carta do capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo ao
governador da Paraíba Manoel Soares de Albergaria, de 06 de agosto de
1698 (AHU_ACL_CU_014, Cx. 3, D. 226). PERGAMINHO – revista eletrônica de
história – UFPB – ano 1 – n. zero – out. 2005.
ÍNDIOS
COREMAS: PRIMEIROS HABITANTES DE MANAÍRA
Os Coremas são um grupo
indígena originário do oeste da Paraíba, onde está situada a atual
cidade de Coremas. Por tradição, conta-se que teve como chefe mais
famoso o índio chamado Piancó (temor ou medo). Sendo que, o vale ocupado
pela tribo, é até hoje chamado de Vale do Piancó
Historicamente, os primeiros
habitantes do local onde se localiza atualmente a cidade de Coremas-PB
(interior da Paraíba), foram os índios da tribo Coremas, pertencentes à
grande nação Cariri (ou Kariri), que habitavam todo o interior
paraibano.
Os índios Coremas ficaram famosos por
serem bastante aguerridos e corajosos, entre as outras tribos, como no
contato direto com o homem branco. Foram, juntamente com os índios
Panatis, os últimos a manterem relações amigáveis com o mundo
civilizado. Como eram amantes de suas terras e tradições, tornaram-se
resistentes ao homem branco colonizador. Viviam em inúmeras aldeias
separadas por distâncias variadas, praticando rudimentarmente a pesca, a
caça e a agricultura de subsistência (frutos silvestres/raízes).
Tempos depois da pacificação entre
índios e os brancos colonizadores, deu-se o processo de catequização,
realizado por missionários católicos, pelo qual os índios eram tornados
cristãos à força, adotando a religião católica. Começaram a usar os
nomes aportuguesados e adotaram novos costumes, reduzindo na memória os
tempos de brutalidades e selvagerias.
Foi no governo de Dom João Alencastro
(1694-1702), da Bahia, que ocorreu a ordem para povoar e criar, em
definitivo, as fazendas de gado na região do rio Piancó, autorizando,
inclusive, se necessário, abater as populações indígenas locais.
Coube a ingrata tarefa ao capitão-mor
Manoel de Araújo Carvalho, que segundo alguns historiadores, conseguiu
realizar um acordo de paz entre os indígenas e os colonizadores,
favorecendo o início do povoamento da região.
Finalmente, já no governo português de
Dom José I (1750-1777), seu primeiro-ministro (Sebastião José de
Carvalho e Melo - o Marquês de Pombal) nomeou o Juiz Dr. Miguel Pina de
Caldeira Castelo Branco (residente em Olinda-PE). Este ficou famoso por
algumas dezenas de medidas, dentre elas: aquela que autorizou as
transferências de locais, tradicionalmente habitados pelos índios.
Fizeram as mudanças de enormes contingentes populacionais (tribos
inteiras) de uma região para outra, normalmente bem distantes dos locais
de origens. Este fato contribuiu fortemente para o aniquilamento de
inúmeras tribos, devido a doenças novas, fome, isolamento etc., dando-se
a aculturação dos costumes e a eliminação pura e simples da presença
indígena na formação das populações.
Os Coremas foram transferidos para
regiões bem distantes do sertão, principalmente, para próximo do
litoral, sendo Pilar – PB a cidade escolhida (onde moravam os índios
Bultrins, também transferidos). Outra parte da tribo fixou-se no litoral
do Rio Grande do Norte-RN; maldosamente trouxeram os índios do sertão e
os fixaram à força, no brejo e litoral. Aqueles que não se sujeitaram,
ou foram mortos ou fugiram pelos sertões adentro até terras da longínqua
Amazônia. Este episódio explica porque os mais antigos habitantes do
local, não chegaram a conhecer os verdadeiros índios Coremas.
História Pré-Colombiana
Os povos ameríndios teriam sido os primeiros colonizadores (no
sentido de que se propagaram pelo território). Sua origem ainda
não foi plenamente esclarecida, mas a opinião mais aceita é de
que descenderiam de antigas raças asiáticas e da Oceania que
teriam chegado à América pelo estreito de Behring ou pela
navegação no Oceano Pacífico.
Os indígenas brasileiros são originários dessa migração e
chegaram à Paraíba pelos rios Amazonas e Tocantins. Alguns
prosseguiram a sua caminhada e só foram freados pelas águas
caudais do Rio São Francisco, difíceis de serem transpostas e
então assenhorearam-se da vasta região que compreende este rio.
Os Tapuias ou Cariris chegaram e ao sul do Ceará nos séculos IX
e X, de onde se espalharam à região do Coremas em busca de
terras férteis, úmidas, quentes e de fácil plantio, de onde
pudesse retirar seu sustento.
Encontraram no Sertão Paraibano, o ambiente propício às suas
aspirações. Com suas fontes e riquezas naturais a região
propiciou-lhes uma vida primitiva e equilibrada, de onde
retiravam uma diversidade de alimentos como macaúba, babaçu,
piqui e araçá, dentre outros da cultura indígena.
Cultivavam a mandioca, o milho e o algodão. A caça e a pesca,
fartas nas matas e rios, faziam do ambiente um verdadeiro
paraíso tropical onde suas famílias puderam viver em paz durante
muito tempo. A vida na tribo era tranqüila. Suas residências
eram construídas com palhas de palmeiras. Usavam utensílios
artesanais, feitos de com cabaças, cuias, coités, cipós,
madeiras e também fabricavam diversos utensílios domésticos com
argila e pedras.
Dentre eles, destacam-se a rede, o pilão de socar, a arupemba, o
abano, esteiras de palha de palmeira e artigos feitos em
cerâmica como vasos, pratos e panelas onde podiam fazer seus
cozidos provenientes da farinha de mandioca e do milho,
produzidos em estilo rudimentar. O beiju, a tapioca, a puba, a
canjica, o cuscuz e muitas outras receitas nutritivas vieram dos
nossos antepassados indígenas.
A princípio os portugueses acreditavam que os índios pertenciam
ao mesmo grupo racial. Após algum tempo, percebeu-se que havia
diferenças significativas: os grupos tupis possuíam uma
organização social mais complexa e falavam uma mesma língua. Os
tapuias habitavam o interior.
Hoje se diz que os índios do Brasil podiam ser divididos em
quatro grandes grupos étnicos: os tupi-guaranis, os tapuias (ou
jês), os nu-aruaques e os caraíbas.
Todas estas nações indígenas, embora tivessem suas estruturas
políticas distintas em relação às civilizações do México, da
Bolívia e do Peru (que se constituíram em impérios) e, não
opondo ao colonizador português a resistência que essas haviam
oposto ao espanhol, deixaram como legado milhares de novas
palavras ao vocabulário da língua portuguesa hoje falada no
Brasil.
Índios locais
O Alto de Ciana
Não faz
muito tempo, na saída de Manaíra para Princesa Isabel, havia um morro
com uma casinha de taipa, onde morava Ciana. De idade avançada, cabelos
longos e lisos, pele morena e sem rugas, de pouca conversa, geralmente
com um cachimbo na boca. A criançada tinha medo de aproximar-se e os
mais idosos diziam: “É caboca braba”. Esse termo é designativo dos
indígenas, mais especificamente para os mais selvagens, uma vez que era
usual o termo “caboco manso” para os já catequizados. Mas, sem dúvida,
não só pelos hábitos mais reservados mas, principalmente, por suas
características físicas, era Ciana uma índia manairense. Ela deixou
dezenas de descendentes em nossa Comunidade.
Manaíra tem várias
famílias, com ascendência indígena: Antas, Cândido Soares,