Encontrar a tradução da palavra Manaíra
foi tarefa das mais árduas. Foram feitas consultas a documentos, desde
aqueles dos Guaranis no Paraguai, até os resquícios de Tupy Antigo,
na América Central. Nessa última, encontrou-se até a curiosa semelhança
de em uma palavra do Japão – nana – que tem lá o mesmo
significado de cheiro, que aqui.
Manaíra
(Vocábulo Indígena, maná-eira: mel cheiroso). Tradução dada por
Coriolano de Medeiros, em seu Dicionário Corográfico do Estado da
Paraíba, 1950, p. 139).
Também o célebre historiador Horácio de
Almeida, em seu livro História da Paraíba, escreve que Manaíra
tanto pode derivar-se de maná-eira, mel cheiroso, como de
manahyba, adulterado em mandyba ou manyba, pé de
mandioca, de onde procede a palavra maniva. (ALMEIDA, 1966, p.
309).
Alguns dicionários de Tupy Guarany,
particularmente do Tupy Antigo, apresentam uma tradução que confirma a
idéia de cheiro, de abacaxi, de mel e de abelha.
Assim temos, no Vocabulário Tupy-Guarany,
de Barbosa de Castro (1936, p. 75):
“NANÃ, ANANÃ, NANÁ: cheirar, rescender;
cheiro grande; o que sempre cheira, - ananaz”.
ANANÁ: fruta cheirosa, ananás.
Dicionário Tupy – Português de Márcio S. Pinheiro
“EIRA, EIR, IRA, EY: mãe do mel, abelha,
doce, agradável”. (CASTRO, 1936, p. 48).
Y´RA = mel (em Tupi Guarnai, ou,
igualmente, no vocabulário Kariri).
EÍRA = mel, abelha.
“IRA, corr. ê-ir desprende o doce,
doce sae, o mel de abelhas. Alimento muito estimado do gentio do Brasil
que lhe attribuía a virtude da longevidade. Significa também - a
abelha.” (SAMPAIO, 1928)
Depreende-se daí que Manaíra pode
significar tanto Mel Cheiroso como Abelha Cheirosa, o que
seria até mais adequado para uma jovem índia.
Existe uma versão que está no site do IBGE,
informada pela prefeitura de Manaíra, à época do Prefeito Sebastião
Mandú, também divulgada nos sites que tratam do tema Manaíra, inclusive
em estudos feitos na Universidade de Brasília e nas versões contadas
verbalmente pela população. Como contém dados incorretos, apresentam-se
abaixo alguns esclarecimentos:
Primeira versão:
“Conta a lenda que a denominação Manaíra -
Seios de Mel - foi escolhido em homenagem a uma índia, com esse nome,
prometida por seu pai Boiassu (1) como noiva, ao índio Piancó, chefe da
tribo dos Coremas. Diz ainda a lenda que tendo Manaíra se envolvido com
o colonizador Manoel Curado Garra (2), foi sacrificada pelo pai, em nome
do compromisso assumido com Piancó (o índio)”.
Outra versão conta assim:
“O topônimo de Manaíra, conta a historia,
foi escolhido em homenagem a uma índia, que assim se chamava, que fugira
de sua tribo para casar com o índio Piancó (3) - nome também de outro
Município Paraibano, onde ele foi chefe de tribo -, e que foi
assassinado por índios de sua própria nação indígena (4), no sítio
“SALGADA” (5), situado em terras do Município de Manaíra”. (Fonte:
Wikipédia).
ESCLARECIMENTOS:
(1) Boiaçú, grafia correta da palavra,
era o cacique da tribo ..., pai do guerreiro ..., que Manaíra amava e
com o qual fugiu.
(2) Manoel Curado Garra era um
bandeirante que, com suas armas de fogo, ajudou Cangussu, pai de
Manaíra, a derrotar Boiaçú.
(3) Ela fugira de sua tribo para NÃO
casar com Piancó.
(4) Ele NÃO foi assassinado.
(5) Até o presente não foram localizadas
informações que confirmem ou sequer façam referência a esse evento.